
O maior ataque hacker da história do sistema financeiro brasileiro teve início em um cenário inesperado: um quarto no Royal Tulip, hotel de luxo em Brasília, a poucos metros do Palácio da Alvorada, segundo o “G1”.
Foi dali que, em 30 de junho, criminosos coordenaram o desvio de R$ 813 milhões de contas bancárias e de instituições de pagamento conectadas ao ecossistema do Pix. Segundo a Polícia Federal, os autores estavam reunidos fisicamente no local no momento da ação.
A informação veio à tona durante a segunda fase da Operação Magna Fraus, realizada nesta quinta-feira (30). Até agora, 19 pessoas foram presas — 12 no Brasil e 7 no exterior, com ajuda da Interpol. A operação também resultou na apreensão de bens de luxo, armas e cerca de R$ 1 milhão em criptoativos.
Como se deu o ataque hacker
O esquema envolveu fuga coordenada: parte do grupo deixou o país nos dias seguintes, com destino à Europa e à Argentina, alguns em avião fretado. A atuação dos criminosos revelou um nível elevado de organização, com divisão de tarefas, movimentações por carteiras digitais e conversão em criptoativos para dificultar rastreamento.
A origem da falha, porém, foi humana. Um funcionário da empresa C&M, responsável por conectar bancos menores à rede do Banco Central, vendeu senhas de acesso ao sistema. Foi essa brecha que permitiu o ataque. A empresa atuava como intermediária técnica para instituições que operam com o Pix.
Apesar do estrago, o Banco Central reforçou que o sistema do Pix não foi violado, e que nenhum cliente sofreu prejuízo direto.
Integrações frágeis, risco real
O caso expõe um ponto de tensão recorrente: a vulnerabilidade nas conexões periféricas do sistema financeiro. Mesmo com o núcleo técnico do Pix blindado, parceiros, prestadores de serviço e integrações terceirizadas continuam sendo pontos críticos de risco.
À medida que o Pix se consolida como infraestrutura essencial para pagamentos no país, a lição é clara: blindar o ecossistema exige mais do que proteger o core, é preciso fortalecer as bordas.