
No novo episódio do Let’s Money Podcast, Doug Storf, presidente da Associação Brasileira de Banking as a Service (ABBAAS) e CEO da Swap, e Marcelo França Corrêa, vice-presidente da ABBAAS e CEO da Celcoin, revelam os bastidores do primeiro ano da entidade que nasce em um dos momentos mais críticos e promissores da história do BaaS no Brasil.
“Foi um ano de altos e baixos, cheio de transformações importantes. Mas a gente vê 2026 como um divisor de águas positivo para o setor”, diz Doug.
O termo “Banking as a Service” começou a ganhar corpo no Brasil a partir de 2014, inicialmente com soluções apelidadas de “barriga de aluguel”. A partir de 2017, evoluiu para estruturas robustas de infraestrutura financeira oferecidas a terceiros. Entre 2019 e 2021, a regulação do BC+, o lançamento do Pix e a consolidação do Open Finance criaram o ambiente ideal para que o BaaS florescesse.
Mesmo com o avanço, as empresas do setor sentiam que não tinham representação institucional adequada até que, no início de 2023, o anúncio da regulação do BaaS na agenda do Banco Central foi o gatilho para a fundação da ABBAAS.
“Era o momento certo. A gente precisava unir o setor, organizar a pauta e contribuir com o regulador de forma madura e transparente”, explica Doug.
BaaS: democratização financeira por meio da tecnologia
Segundo Marcelo, o Banking as a Service é a espinha dorsal da descentralização financeira brasileira. Ele permite que empresas não financeiras ofereçam contas, pagamentos e crédito para seus clientes com eficiência e experiência integrada.
“Hoje vemos marketplaces centralizando fluxos financeiros, ERPs se tornando bancos PJ. Tudo isso é BaaS. E a nova regulação chega para dar clareza aos papéis de prestador e tomador, institucionalizando um mercado que já é gigantesco”, afirma.
Diálogo com o Banco Central e impacto da norma
A ABBAAS teve atuação ativa na consulta pública que moldou a nova regulação. Foram diversas reuniões presenciais em Brasília, especialmente para tratar de pontos críticos como a exclusividade por tipo de conta e a transparência na identificação dos prestadores.
“O Banco Central ouviu o setor. A norma final reflete muitos dos inputs da indústria. Isso mostra que o diálogo funciona”, destaca Doug.
Segurança como pilar e resposta rápida às crises
Com o aumento da exposição do setor, problemas de segurança ganharam visibilidade. Casos de fraudes, invasões e operações irregulares com “contas bolsão” foram manchetes.

A resposta do regulador foi rápida: aumento de capital mínimo, nova exigência tecnológica para PSTIs e ações pontuais de contenção. Do lado da ABBAAS, foi lançado um grupo de cibersegurança e uma ferramenta colaborativa entre associados que permite o bloqueio imediato de instituições descadastradas.
“Segurança é sistêmica. Não é argumento comercial. Todos ganham quando a rede está mais protegida”, diz Doug.
Regra de exclusividade
A regulação agora exige exclusividade de prestador por tipo de conta. Para os entrevistados, o impacto será mais positivo que negativo. Na prática, poucos tomadores operavam com múltiplos prestadores simultaneamente.
“A ideia é que o usuário final saiba exatamente quem é o responsável pelo seu dinheiro. Isso eleva a confiança e traz estabilidade”, explica Marcelo.
Futuro: adequações, segurança e agenda regulatória viva
A pauta da ABBAAS para 2026 é clara: auxiliar associados na adequação regulatória, com foco em aspectos contratuais, operacionais e fiscais. A associação também monitora temas como crédito, stablecoins, SCR e Open Finance.
“A gente quer garantir que os benefícios do BaaS continuem chegando na ponta, com mais eficiência, personalização e segurança”, afirma Marcelo.
Quem pode se associar?
A ABBAAS convida tanto prestadores quanto tomadores de BaaS, além de mantenedores, fornecedores e até bancos com departamentos especializados.
“O setor precisa se unir para crescer de forma segura. Nossa missão é garantir que todos tenham voz e consigam inovar com responsabilidade”, conclui Doug.