Foto: Abner Garcia / Let's Money
Foto: Abner Garcia / Let's Money

A certificação digital não é mais sinônimo de token e smart card. Na Soluti, ela virou história de crescimento, cloud e escala. “Somos um dos pioneiros no mundo, se não o pioneiro, nesse advento da certificação digital no mundo mobile”, diz Vinicius Souza, cofundador e CEO, durante o Let’s Money Podcast. A jornada começou em 2007, em Goiânia, atendendo clientes “na parte do apartamento da mãe”. O que parecia um serviço local virou liderança nacional a partir de 2018 e, agora, um plano global.

A virada veio quando a empresa decidiu levar o certificado do computador para o celular e, depois, para a nuvem. “O certificado fica armazenado em cloud, mas o acesso e a experiência de uso é através do dispositivo que está na nossa mão”, resume Vinicius. Regulada pela ICP-Brasil, a solução em nuvem abriu espaço para diferenciais reais, algo raro no modelo tradicional, mais “comoditizado”.

Por trás do jargão, o conceito é simples: identidade eletrônica com duas chaves (pública e privada) para garantir integridade, autenticidade e sigilo. “No Brasil, a assinatura qualificada tem reconhecimento legal superior: o ônus da prova recai sobre o titular”, explica. Segurança de Estado aplicada ao cotidiano.

PIX com estrutura semelhante à certificação digital

O PIX tem uma estrutura semelhante ao certificado digital. A gente tem muito orgulho de dizer que participou dessa construção junto ao Banco Central”, afirma.

No sistema financeiro, a tecnologia garante comunicações internas, integrações com o BC e operações críticas: “É garantir integridade e autenticidade. O BC precisa ter certeza de que foi aquele banco que enviou a mensagem“. “Por regulação é 99,5%. Nós temos histórico de 100% de disponibilidade. A Soluti hoje representa, em torno de, 30 milhões de transações por mês”, completa.

Gov.br: de 6 para 60 milhões com assinatura qualificada

O governo organizou as camadas de assinatura em simples, avançada e qualificada. Para Vinicius, está na hora do próximo salto. “Faz todo sentido habilitar a qualificada nas contas ‘Ouro’ do Gov.br e dar o pulo de 6 milhões para 60–70 milhões de usuários — sem custo para cidadão e Estado, monetizando no privado.” O argumento é macroeconômico: países como Estônia trataram a identidade digital como infraestrutura básica e o PIB agradece.

A próxima fronteira da certificação digital são máquinas e agentes autônomos. “Dispositivos vão realizar transações em nosso nome. Eles precisam de identidade”, diz o executivo. Já há casos reais: “A quantidade na bomba de combustível será assinada digitalmente do medidor ao display. Você pagou 20 litros, levou 18? A assinatura evita essa fraude.” O mesmo vale para câmeras, radares, medidores de energia e, cada vez mais, agentes de IA que compram, autorizam e executam tarefas.

Globalização e navegadores: selo nos browsers em 2026

A tecnologia é global e outros mercados estão alguns passos atrás. Estamos no objetivo desafiador de ser uma companhia global”, afirma. Um marco nessa direção virá do CAB Forum, entidade que chancela navegadores e certificadoras. “Vamos ser a primeira empresa brasileira com reconhecimento nativo no Chrome, Safari, Microsoft Edge, provavelmente em 2026.”

Foto: Abner Garcia / Let’s Money

Para sustentar missão crítica, a casa também precisa ser forte. “Temos um data center Tier 3 certificado em operação, o único grupo no país, com capital 100% nacional, com esse nível de certificação ofertado ao mercado”, destaca.

A Everest Digital, empresa-irmã de infraestrutura, oferece cloud com previsibilidade de custos e portfólio de cibersegurança. “Ir para a cloud é o sonho, o problema é que, muitas vezes, a conta não fecha. A gente resolveu isso com previsibilidade orçamentária.”

O que vem agora

A tese é clara: reduzir fricção sem abrir mão da segurança e escalar. “Da noite para o dia, o mecanismo de autenticação do app do banco pode acionar um certificado. Para o usuário, a experiência só melhora”, diz Vinicius. No setor público, a aposta é universalizar a assinatura qualificada via Gov.br. No privado, é levar certificação digital a pessoas, empresas, dispositivos e agentes de IA.

Identidade e segurança são prioridade dos CEOs no mundo. A digitalização precisa desse suporte e é isso que a gente entrega.”

De um apartamento em Goiânia a milhões de transações por mês, a Soluti coloca o Brasil na vanguarda de um tema que decide o jogo: provar, com um clique, que você é você e que a transação é legítima.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.