
No episódio mais recente do podcast da Let’s Money, Vinícius Santos, fundador da Conta Comigo Digital, bateu um papo com Gabriel Pereira e revelou como a startup está resolvendo um problema de integração histórico entre bancos e concessionárias de serviços essenciais, e por que essa ponte pode ser um pilar do Pix Automático.
“Hoje as contas de consumo não estão no DDA. E o débito automático é uma estrutura de relacionamento 1 a 1, o que gera uma complexidade enorme. A gente atua como um intermediário, organizando a cobrança entre as partes”, explica Vinícius.
No centro da proposta da Conta Comigo está a digitalização das cobranças de água, luz, gás e telefonia. Esses boletos, embora essenciais, muitas vezes não aparecem no app bancário do consumidor. Isso porque as concessionárias não estão conectadas ao sistema do DDA, e cada banco precisa firmar convênios e integrações manuais com cada uma delas para disponibilizar essas contas digitalmente.
O resultado é um sistema travado. Poucas empresas integradas. Poucos bancos integrando. Baixa capilaridade. E uma experiência fragmentada para o cliente. A Conta Comigo Digital cria uma infraestrutura paralela: uma ponte B2B entre concessionárias e bancos.
“Temos um canal de aquisição com as utilities e uma conexão direta com as instituições financeiras. Assim conseguimos levar essas contas direto para dentro do ambiente bancário, já organizadas e categorizadas”, diz o fundador.
A engrenagem invisível que prepara o caminho para o Pix Automático
Com o Pix Automático, o setor financeiro volta os olhos para um dilema antigo: como garantir que a conta certa vai estar na frente do cliente, no momento certo? A promessa de automatizar pagamentos recorrentes via Pix exige que essas cobranças estejam digitalizadas, estruturadas e com consentimento claro do consumidor.

“O Pix Automático vai precisar do mesmo tipo de relacionamento que existe hoje no débito automático, mas com uma experiência mais fluida. A gente se posiciona como a infraestrutura que organiza isso antes”, afirma Vinícius. Ao estruturar essas relações com antecedência, a Conta Comigo reduz o atrito no onboarding e aumenta a base pronta para adotar o novo modelo.
Vinícius destaca que o principal desafio da startup foi vencer o dilema do “ovo e da galinha”. Para uma concessionária, não faz sentido se integrar a um sistema que nenhum banco usa. Para um banco, não faz sentido integrar uma base pequena de concessionárias. A solução veio com uma estratégia gradual.
“A gente foi validando use cases com os dois lados ao mesmo tempo. Trabalhamos para mostrar o ganho de eficiência para a concessionária e, em paralelo, mostramos ao banco como isso reduz inadimplência e melhora experiência do cliente”, explica.
Atualmente, a Conta Comigo já tem redes ativas com utilities de diferentes setores e amplia sua integração com bancos.
Dados como ativo: da cobrança ao relacionamento
Ao se posicionar como um hub de dados de consumo recorrente, a Conta Comigo cria oportunidades que vão além do pagamento. A recorrência das contas essenciais permite construir histórico de comportamento e criar ofertas mais contextualizadas.
“Esse dado diz muito sobre a vida do consumidor. Se você tem um padrão de consumo de energia, ou de conta de água, isso pode virar insumo para crédito, seguro, ou mesmo para entender mudanças de perfil”, afirma Vinícius.
Para os bancos, isso se traduz em mais profundidade no relacionamento. Para as utilities, em mais previsibilidade de recebimento e redução de inadimplência.