Foto: Abner Garcia / Let's Money
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No novo episódio do Let’s Money Podcast, Marlon Tseng bateu um papo com Gabriel Pereira e compartilhou sua trajetória de publicador de jogos a fundador da Pagsmile, empresa que movimenta mais de US$ 500 milhões por mês e atua em países como Brasil, México, Colômbia e Peru. O ponto de virada? Uma frustração com boletos que levavam até três dias para compensar e prejudicavam a experiência dos gamers.

“O jogador queria o item no final de semana, pagava na sexta e só recebia na terça. Era insustentável”, conta Marlon.

Como nasceu a Pagsmile

Marlon estudou Administração e fez mestrado na China, onde acompanhou de perto a ascensão dos pagamentos por QR Code. Trabalhando em uma startup de jogos, foi responsável pela operação no Brasil do FPS Bloodstrike, que chegou a 400 mil jogadores simultâneos. A dor no checkout virou a oportunidade de empreender.

“A gente dependia de microtransações, mas os pagamentos falhavam. A frustração dos usuários era enorme.”

Em 2015, nasceu a Pagsmile, com um foco claro: resolver o pagamento no ecossistema de jogos. As primeiras inovações foram o Boleto Rápido e o Boleto Não Impresso em casas lotéricas, ferramentas que antecipavam o crédito e democratizavam o acesso aos games.

Pix, impulsividade e o mercado de iGaming

Com a chegada do Pix, o crescimento foi ainda maior. “O comportamento do jogador é impulsivo. Ele quer comprar e usar na hora. O Pix entregou isso e mudou o jogo para todo mundo”, diz.

A semelhança entre o comportamento dos jogadores e dos usuários de iGaming abriu caminho para a expansão da PagSmile nesse setor, antes mesmo da regulamentação.

Foto: Abner Garcia / Let’s Money

A empresa investe pesado em infraestrutura: hoje suporta até 30 mil transações por minuto e mantém sempre o dobro de capacidade como reserva. “A gente entende que não pode travar, principalmente em eventos com pico. Se falha uma vez, o usuário não volta mais.”

Dois produtos principais: gateway global e PIX como serviço

A Pagsmile opera com dois pilares:

  1. Gateway global cross-border: integra pagamentos locais em múltiplos países, permitindo que empresas estrangeiras operem sem abrir entidades locais. “A gente resolve conciliação, moedas, relatórios e métodos locais. Tiramos a dor de integrar país por país.”
  2. PIX como serviço (via IP): como instituição de pagamento autorizada pelo Banco Central, a Pagsmile oferece contas para empresas que precisam de alta volumetria. Está testando PIX recorrente para reduzir custos em comparação com cartões.

Com a regulação do VASP, a Pagsmile planeja se licenciar para operar com criptoativos. “Cripto é transparente, instantâneo e sem fronteiras. Está no nosso roadmap”. Marlon também aposta no futuro dos pagamentos “sem redirecionamento”, à la Amazon e Uber.

“O cliente não quer sair da tela, copiar, colar, abrir app de banco. Quer clicar e resolver. O futuro é uma jornada fluida e invisível.”

Open Finance: ainda distante do jogo

Apesar do entusiasmo com a infraestrutura, Marlon aponta limitações na iniciação de pagamentos via Open Finance.

“Não tem padronização, nem estabilidade. E muitos usuários não querem compartilhar dados com o setor de games.” Ainda assim, vê potencial no longo prazo, especialmente com o avanço das transferências inteligentes.

Com grande parte do público de jogos sendo menor de idade, a Pagsmile implementou validação 3DS para transações acima de certos valores, exigindo autenticação do titular do cartão. A empresa também estuda lançar uma conta digital B2C via WhatsApp, como solução de segurança para transações de baixo valor.

“É uma conta para o ‘celular do ladrão’, uma contenção de danos”, brinca. Outros setores já demonstraram interesse, mas a Pagsmile prefere dominar profundamente uma vertical antes de expandir.

“A gente só entra quando entende a dor. Foi assim com games e iGaming.”

iGaming não é renda extra, é lazer

Para Marlon, o maior erro do público ainda é enxergar o iGaming como investimento. “É entretenimento, como ir ao cinema ou a um jogo de futebol. Tem que ser um valor confortável, que não afete sua vida se perder.”

Com uma infraestrutura robusta, foco em UX e visão clara de futuro, a Pagsmile segue consolidando sua posição como parceiro estratégico de pagamentos no setor de entretenimento digital. E, ao que tudo indica, ainda está só no começo.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.