Foto: Abner Garcia / Let's Money
Foto: Abner Garcia / Let's Money

Fabiano Rocha, fundador da Jumpstart, bateu um papo com Gabriel Pereira no Let’s Money Podcast e contou como sua origem humilde e um diagnóstico de câncer aos 20 anos o colocaram no caminho que o levaria a se tornar um dos poucos brasileiros aprovados para estudar no MIT. “Eu percebi que podia morrer sem conhecer o mundo. Decidi fazer intercâmbio e abrir outras portas”, relembra.

Com passagens por Ambev, Johnson & Johnson e Rhodia ainda como estagiário, Fabiano cultivou o hábito de hackear processos complexos: “Estudei o edital e percebi que podia entrar no MIT mesmo sem a nota média típica. Fiz cursos online de mestrado, tirei nota máxima e mostrei que era capaz”.

Sua ida ao MIT, financiada por uma vaquinha após o cancelamento da bolsa governamental, mostrou outro obstáculo: a dificuldade de estrangeiros em comprovar renda, alugar imóveis e acessar serviços financeiros.

Imigrantes qualificados, sem “crédito”

A frustração de tentar imigrar para o Canadá e ser tratado com desconfiança mesmo com formação e dinheiro na conta virou combustível para a Jumpstart. “Imigrantes qualificados sofrem por não terem histórico no país. Falta quem dê esse primeiro voto de confiança”, diz.

Com experiência em edtechs e fintechs como Quero Educação, Provi e Principia, Fabiano decidiu criar uma ponte entre legaltech e fintech. A ideia inicial era ser um back-office financeiro para escritórios de imigração, financiando vistos e green cards.

De financiadora a LegalTech com garantia de aprovação

Com apoio de investidores como o ex-diretor de AI do Nubank e executivos do Google e PayPal, a Jumpstart levantou US$ 450 mil e operou por um ano como parceira de escritórios. Mas descobriu um mercado “artesanal, precário e sem alinhamento de incentivos”.

O pivô levou à criação de uma legaltech com modelo inédito: “Se o processo for negado, a gente devolve o dinheiro. A gente só ganha se o cliente for aprovado. Não tem pegadinha”.

Com IA usada não para gerar textos, mas para revisar, checar consistências e cruzar padrões com milhares de petições, a Jumpstart criou um processo com três camadas: IA, paralegal e advogado americano. Resultado: mais agilidade, menor custo e alto índice de aprovação.

Seguro extra e internacionalização

A próxima etapa é o lançamento da “ultra garantia”: um seguro que também cobre as taxas governamentais (cerca de US$ 4 mil). “Queremos criar uma experiência de imigração com zero preocupação”, diz Fabiano.

Hoje, 40% dos clientes não são brasileiros, e a plataforma já atende casos complexos, com mais de 2 mil páginas e cenários até rejeitados por outros escritórios.

“Teve gente que foi recusada por seis escritórios. A gente pegou, revisou, montou uma petição robusta e aprovou”.

Dados, contexto e integração com fintech

Ao combinar análise de textos, jurimetria e reconhecimento de padrões, a Jumpstart não apenas oferece uma nova experiência de imigração. Oferece também consultas com advogados, IA para tirar dúvidas e parcerias para abrir empresas nos EUA, planejamento financeiro e acesso a serviços.

“A imigração é um dos maiores momentos de decisão da vida de uma pessoa. A gente acredita que isso precisa ser seguro, acessível e baseado em dados.”

Com DNA de fintech e alma de legaltech, a Jumpstart quer ser a ponte segura para que profissionais qualificados conquistem seu espaço nos Estados Unidos sem medo, com respaldo e com dados a favor.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.