Foto: Abner Garcia / Let's Money
Foto: Abner Garcia / Let's Money

No novo episódio do Let’s Money Podcast, Victor Salviatti e Eduardo Proença, diretores da Midas Securitizadora, compartilham os bastidores de uma das mais longevas empresas do setor. Fundada em 2002, a Midas começou como factoring e evoluiu para uma securitizadora moderna, com foco em pequenas e médias empresas, estrutura de serviços personalizada e gestão de risco robusta.

“A Midas nasceu para atender quem o banco não queria atender. Nosso foco sempre foi a PME, com relação de médio e longo prazo, conhecendo a fundo o cliente e sua dor”, explica Victor, que assumiu a sucessão dos pais fundadores, Percival e Isabel.

Transição na Midas

Com experiências que vão de corretoras e gestoras à Regulação 88 (crowdfunding), Eduardo complementa a visão com foco em originação, relações e serviços. “Nosso diferencial é justamente a combinação de uma estrutura robusta com proximidade. A gente vai conhecer o cliente, a empresa, os fluxos. É isso que reduz risco e constrói recorrência”, afirma.

A transição de factoring para securitizadora permitiu o acesso a capital de terceiros e a ampliação da oferta. Atualmente, a Midas estrutura debêntures, emite CRIs e CRAs, e oferece serviços como contas escrow, estruturação de operações e gestão de recebíveis.

“A gente não vende um produto de prateleira. A gente escuta, estrutura e entrega algo que faz sentido para aquele cliente, naquele momento.”

Securitização com governança de fundo

Apesar de não ser regulada como fundo, a Midas adota mecanismos de governança equivalentes, como segregação de patrimônio e subordinação de cotas. “Nosso capital vai na frente. Se houver perdas, somos os primeiros a absorver. Isso alinha tudo: análise, seleção e relacionamento”, reforça Victor.

A empresa também atua como prestadora de serviços para emissores e investidores que desejam montar operações sem assumir risco final. A estrutura da Midas viabiliza operações flexíveis, com diferentes perfis de risco e retorno.

“Fazemos da emissão à gestão. Se você tem investidor, tomador e quer montar a estrutura no meio, a Midas entrega isso com segurança jurídica e operacional.”

O momento do mercado: juros, riscos e disciplina

Com juros elevados e a regulamentação 175 da CVM, que abriu o acesso a FIDICs para pessoas físicas, o crédito privado ganhou visibilidade. Mas, para os sócios da Midas, o momento exige sobriedade.

“Tem muito capital no mercado e pouca boa oportunidade. Quem aloca mal por pressão vai pagar o preço. Não é porque a demanda existe que ela é boa”, diz Eduardo.

A estratégia da Midas é selecionar com rigor, privilegiar clientes com fundamentos e não ceder à pressão de alocar a qualquer custo. “Nosso crescimento sempre foi com calma. Preferimos perder uma operação do que trazer um problema para dentro”, diz Victor.

Produto, serviço e relação: uma oferta integrada

A Midas oferece crédito sob medida, gestão de recebíveis, contas escrow, emissão de ativos e consultoria estruturada. Também está expandindo a atuação via crowdfunding com debêntures subordinadas, abrindo o acesso a investidores que querem risco e retorno maiores.

“O investidor acessa direto a operação, como se fosse a cota subordinada. É risco com potencial real de retorno, e todos ganham se der certo”, explica Eduardo.

Desafios estruturais: interoperabilidade e incentivo

Sobre a duplicata escritural, os executivos são otimistas com o potencial, mas céticos quanto à adesão. “Falta incentivo para o sacado aceitar. Ele ganha o quê? O risco é dele. A tecnologia avanza, mas a adoção depende de regulação e alinhamento de interesses.”

Eduardo Proença e Victor Salviati Camargo batem um papo com Gabriel Pereira | Foto: Abner Garcia / Let’s Money

A interoperabilidade é outro ponto crítico, já enfrentado com recebíveis de cartão e que pode se repetir com o PIX parcelado.

“A cada regulação bem feita, nascem novos produtos. Mas precisa que todas as pontas estejam dispostas a jogar junto.”

Talentos e futuro do setor

Para atrair talentos, a Midas aposta em cultura, governança e aprendizado rápido. “Quem entra numa casa menor aprende em um ano o que levaria três em um bancão. Mas tem que pesquisar bem, entender quem está por trás, a história, os resultados”, aconselha Eduardo.

“Pra quem quer entrar no mercado, o Sinfac é o melhor caminho. Curso, manual, consultoria jurídica… É um ecossistema completo.”

Com 24 anos de mercado, a Midas segue atualizando suas estratégias para um cenário mais competitivo, regulado e exigente. Com relação próxima ao cliente, seleção de risco disciplinada e visão de longo prazo, quer continuar crescendo sem perder o DNA.

“Nosso papel é construir pontes seguras entre quem precisa de capital e quem quer investir bem. Isso não muda com o tempo, muda a forma de fazer.”

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.