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5 anos de Open Finance: Ana Carla Abrão celebra sucesso e projeta próximos passos

Ana Carla Abrão fala sobre os 5 anos do Open Finance, celebra sucesso global e explica a nova fase de governança e empoderamento do cliente

Ana Carla Abrão, Associação Open Finance
Foto: Abner Garcia / Let's Money

O Open Finance do Brasil é um sucesso. Isso é inegável e é uma referência para o mundo”, afirma Ana Carla Abrão, CEO da Associação Open Finance Brasil em entrevista ao Let’s Money Podcast. Ao celebrar os cinco anos do ecossistema, ela ressalta que o país soma mais de 100 milhões de conexões e 70 milhões de contas conectadas, consolidando-se como o maior sistema de finanças abertas do planeta. “Eu tive a chance de visitar o Open Bank na Inglaterra e todos falavam a mesma coisa: como é que vocês conseguiram? Vocês começaram depois e já estão muito mais à frente em todas as métricas possíveis.”

Para Ana, esse resultado não veio por acaso. “É fruto da força da comunidade Open Finance, do papel de liderança do Banco Central e da colaboração dos participantes do mercado. Não estar no Open Finance hoje é uma desvantagem competitiva. Quem não abraça essa agenda como estratégica está perdendo espaço para quem já entendeu o potencial.”

Do diagnóstico à realidade

Ana lembra que em 2017, quando participou da consultoria ao Banco Central que introduziu o conceito no Brasil, o diagnóstico era claro: a concentração bancária estava ligada ao empossamento de informações dos clientes. “As grandes instituições detinham dados que ninguém mais tinha. Isso dificultava a entrada de novos competidores, especialmente no crédito. O Open Finance surgiu para quebrar essa barreira e permitir que a informação fluísse.”

Cinco anos depois, os resultados são evidentes. “O diagnóstico se confirmou. O sistema hoje é mais fragmentado, temos mais competição e o consumidor ganhou liberdade de escolha. Ele não precisa concentrar toda a sua relação financeira em uma única instituição para ter melhores condições. Agora pode compartilhar seus dados e buscar o que mais lhe beneficia, seja em crédito, investimento ou serviços.”

Foto: Abner Garcia / Let’s Money

Gabriel Pereira, fundador da Let’s Money e host do podcast, reforçou o impacto. “São pessoas se beneficiando de ofertas melhores, portabilidade de crédito, aumento de limite, renegociações. O ecossistema brasileiro se inspirou no Reino Unido, mas hoje já é referência para o mundo.”

A nova fase: portabilidade, Pix e crédito

Com a Associação Open Finance estruturada, a governança ganha mais agilidade. “Temos agora uma equipe executiva responsável por tocar a operação no dia a dia, sempre ouvindo o mercado. Isso é um fator de aceleração”, explica Ana. O roadmap para 2025–2026 já está traçado:

  • Portabilidade de crédito, pessoal e consignado federal, com potencial de reduzir custos e ampliar acesso;
  • Jornada PJ, para melhorar a adesão de empresas e otimizar o consentimento;
  • Jornada unificada, permitindo consentimento simultâneo para dados e pagamentos.

A convergência com o Pix também é um vetor de crescimento. “O Pix é popular e fácil de entender. Quando as pessoas pedem Pix recorrente ou parcelado, muitas vezes não percebem que é o Open Finance que viabiliza. Isso facilita a adesão.”

Na visão de Ana, o futuro será cada vez mais integrado. “Daqui a pouco, e é daqui a pouco mesmo, a relação financeira de todo cliente e empresa vai estar conectada ao Open Finance. As informações vão fluir conforme o desejo do usuário, que terá mais poder para buscar melhores serviços e crédito mais barato.”

Diversidade e propósito

Além da agenda técnica, Ana destaca a importância da diversidade. “Eu fiz minha carreira muitas vezes como a única mulher na sala. Hoje avançamos, mas ainda estamos devendo muito. Na Associação, a diretoria é majoritariamente feminina e 38% dos funcionários são mulheres. Diversidade não é só justiça social: ela traz inovação, porque grupos diferentes enxergam problemas e soluções que um grupo homogêneo não veria.”

O propósito da Associação também está claro: gerar valor para a sociedade. “Queremos mais inclusão financeira, crédito mais barato, melhores serviços. O Open Finance não é apenas uma agenda regulatória, é uma agenda de negócio e de impacto social.”

Ao celebrar os cinco anos, Ana Carla Abrão reforça o tom de continuidade. “Se nesses cinco anos já chegamos tão longe, os próximos cinco serão ainda mais acelerados. Teremos muito mais para comemorar em intervalos cada vez menores de tempo.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.