Foto: Abner Garcia / Let's Money
Foto: Abner Garcia / Let's Money

O Let’s Money Podcast recebeu Marcelo Oliveira, Diretor de Estratégia e Soluções da Verity. Em bate-papo com Gabriel Pereira, o executivo compartilhou sua trajetória de mais de duas décadas no sistema financeiro e explicou como a transformação digital evoluiu, do “mobile first” à nuvem, dos microserviços à nuvem híbrida, até chegar ao momento atual, dominado pela Inteligência Artificial.

“Quando entrei no banco, em 2005, percebi cedo: tudo o que o banco entrega de valor — resultado, experiência, market share — depende de tecnologia.” — Marcelo Oliveira

Ele detalha o framework da Verity, o Verity Quantum, que serve como guia para quem quer implantar IA com consistência, segurança e foco em resultados.

Três ondas da transformação digital

Marcelo revisita as “ondas” pelas quais o setor financeiro passou nas últimas décadas.

  • Primeira onda (2010s): “Mobile First” e digitalização — o objetivo era levar a agência para a palma da mão, por meio de apps. Mas os sistemas legados não suportavam acessos simultâneos, escalabilidade e jornadas digitais completas.
  • Segunda onda: nuvem e microserviços — com o advento da cloud, APIs e microserviços, abriram-se novas possibilidades de escalabilidade e agilidade. Esse passo permitiu que fintechs e bancos começassem a competir em custo e inovação.
  • Terceira onda: eficiência de custos (FinOps) e ambidestria — com a elasticidade da nuvem, surgiram os desafios de custo e governança. A lógica passou a ser: como manter o core seguro e eficiente, enquanto se permite a inovação contínua.

“Se você está numa única nuvem, a qualquer problema no vendor você tem problema no seu negócio. Elasticidade infinita é armadilha se você não gerencia o custo.” — Marcelo Oliveira

A nova era

Atualmente, segundo Marcelo, a IA domina o investimento e a atenção. Porém, ele alerta: a adoção deve ser feita com clareza de negócio, base de dados madura e visão estratégica, é o que ele chama de “autodiagnóstico”.

“Muita gente chega pedindo IA porque todo mundo está correndo. Mas a pergunta certa é: ‘Será que estou preparado?’ Nem sempre a bala de prata de IA é a resposta.”

Para ajudar instituições nesse processo, a Verity estruturou o Verity Quantum, um framework de quatro etapas:

  1. Discovery — definir objetivos de negócio, produto, cliente, segmentos. Avaliar se a IA faz sentido.
  2. Assessment tecnológico — mapear infraestrutura, aplicações, bancos de dados e dependências, por vezes usando IA para acelerar a análise.
  3. Plano de projeto incremental — liberar valor de forma gradual, com entregas modulares e priorização das áreas críticas.
  4. Orquestração e soberania de IA — usar múltiplos modelos (LLMs, SLMs), com controle de dados, custo e governança. Isso evita dependência de única nuvem ou fornecedor.

“Se entrar lixo, sai lixo. A IA é farinha de dados. Se sua base não for confiável, nada vai dar certo.” — Marcelo Oliveira

Para bancos, fintechs e seguradoras, a adoção desenfreada e sem preparo de IA pode gerar risco operacional, custos elevados e resultados ruins. O modelo da Verity incentiva sobriedade: gastar com IA onde realmente vai gerar valor, com governança e consciência de custo. Para empresas com legados robustos, o desafio maior é saber onde evoluir sem perder estabilidade.

Foto: Abner Garcia / Let’s Money

Por outro lado, para quem estiver bem preparado, a aposta pode gerar vantagem competitiva real, com automação de back‑office, personalização de produtos, eficiência de custos e escalabilidade.

Visão de futuro

Marcelo enxerga o atual momento como um novo ciclo de inovação, intenso, acelerado e com ciclos cada vez mais curtos: boom, disrupção, cobrança por resultados, correção, novo ciclo. Por isso, destaca a importância da resiliência e soberania tecnológica.

“Hoje já conseguimos fazer em três semanas um mapeamento de dependências que antes levava meses. Mas é preciso construir com governança, para que, no futuro, a IA continue sendo aliada, mesmo que o cenário mude”.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.