Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Ser chamado de “startup de 217 anos” pode soar como provocação, mas é o mantra que guia o Banco do Brasil (BB) na sua estratégia de inovação. Instituição com raízes históricas, o banco vem investindo pesado em inteligência artificial para modernizar processos, apoiar decisões e manter relevância num mercado digital.

No painel do Rec’n’Play em Recife, executivos do banco destacaram que o uso de IA cresceu 130% nos últimos três anos e já alcança praticamente todas as suas 44 superintendências. A tecnologia atua desde a detecção de fraudes e lavagem até assistentes conversacionais e previsões para áreas como agro e sustentabilidade.

Um dos casos emblemáticos é o uso de dados geoespaciais para identificar regiões degradadas e ofertar crédito voltado à recuperação ambiental. Outro: o encarteiramento automático de clientes, que multiplicou por quatro a rentabilidade dos perfis com intervenção inteligente.

No âmbito operacional, agentes de IA reduziram substancialmente o tempo de processos manuais. André Valadares citou que tributação de ordens de câmbio, antes demorava 40 minutos; agora, menos de 10. No último ano, esses ganhos já acumularam mais de 30.000 horas de eficiência.

Banco do Brasil resguardado

Para que a transformação não descambe para o risco, o BB conta com o apoio interno da área jurídica. Alexandre Frizoni, líder jurídico do banco, comentou que modelos de IA exigem equilíbrio.

“Talvez ninguém consiga garantir 100% de explicabilidade e transparência num modelo de IA, porque isso envolve sigilos empresariais. Mas precisamos estar preparados: pode haver leis que assegurem ao usuário o direito de contestar decisões tomadas pela IA.”

Frizoni defende que o jurídico deixe de ser “freio de mão” e passe a atuar como “GPS” da inovação — guiando equipes para caminhos seguros, mas sem bloquear o impulso tecnológico.

Além disso, o progresso cultural é indispensável. Como resume Pablo Claudino, gerente de IA e Analytics do BB: “Não existe IA de qualidade sem dados de qualidade. É fundamental que os dados sejam governados, integrados e aplicáveis.”

A proposta do banco vai além de incorporar tecnologia: é sobre consolidar uma cultura de dados, engajar equipes antigas e novas, e garantir que inovação e governança caminhem juntas.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.