Fundada pela brasileira Sarah Lucena em Miami (EUA), a Mappa quer mudar a forma como as empresas entendem e contratam pessoas. A startup, que desenvolve tecnologia de inteligência comportamental baseada em IA, acaba de captar US$ 3,4 milhões em rodada liderada pela Draper Associates, de Tim Draper, com participação da Grão, Serac Ventures, Riverwalk Capital Partners e AngelHub México.
“A Mappa nasceu da minha inquietação como líder e recrutadora. Dedicava tempo e recursos para contratar pessoas que pareciam perfeitas no papel, mas que depois não se encaixavam na prática. Currículos e perfis do LinkedIn contam só uma parte da história é preciso entender o comportamento real das pessoas”, afirmou Sarah.
Mappa aposta em IA para revelar o potencial humano
A Mappa desenvolveu uma tecnologia que analisa mais de 30 sinais vocais, como pausas, entonação e ritmo, em menos de um minuto. A partir dessa leitura, a IA identifica padrões de comportamento, ajudando empresas a avaliar como candidatos reagem sob pressão e colaboram em equipe.
A startup foi fundada em 2022 e pivotou para o modelo atual no ano seguinte. Atualmente, atende mais de 100 empresas nos EUA e América Latina, com US$ 3,5 milhões em receita anualizada. O foco são posições de “knowledge workers”, em áreas como tecnologia, vendas e operações.
“Nosso objetivo não é ser mais uma plataforma de RH, mas criar a infraestrutura que transforma a forma como as pessoas se conectam. Queremos impactar todas as indústrias baseadas em conexões ou scoring do recrutamento à concessão de crédito”, disse a fundadora.
De carreira em marketing ao propósito com IA
Formada em jornalismo, Sarah iniciou a carreira em marketing de performance e, em 2016, tornou-se CMO de uma empresa de marketing digital que atuava em dez países. Apesar do sucesso, decidiu mudar de rumo. “Eu estava no topo, mas nunca me senti tão vazia. Queria usar meu superpoder de entender pessoas para revelar o potencial humano, não reduzi-lo a um currículo”, contou.
A empreendedora fundou a Mappa ao lado de Pablo Bérgolo e Daniel Moretti, com a missão de criar uma tecnologia capaz de traduzir o comportamento em dados acionáveis, combinando IA, neurociência e linguística.
Próximos passos
Com o novo aporte, a Mappa pretende acelerar o go-to-market nos Estados Unidos e lançar sua API pública, que permitirá que outras empresas incorporem sua tecnologia de análise comportamental em produtos próprios.
A meta é encerrar 2025 com US$ 5 milhões em receita anualizada e preparar uma nova rodada de captação. “Os EUA são o maior mercado do mundo. Por enquanto, só tocamos na superfície do impacto que podemos gerar”, afirmou Sarah.
Apesar do foco inicial no mercado americano, a CEO já mira a América Latina, movimento que deve ganhar força com o apoio da Grão, única investidora brasileira na rodada. “O Brasil é o próximo passo natural. Temos o talento e a necessidade de entender pessoas de forma mais profunda”, concluiu.