
Startups europeias de inteligência artificial estão cruzando o Atlântico para garantir o que falta por lá: capital em escala. Um relatório do Wall Street Journal revelou que os custos altos de computação e talento especializado estão empurrando fundadores da União Europeia para captar recursos nos Estados Unidos, onde os cheques são mais generosos e a urgência por inovação, maior.
Nos primeiros nove meses de 2025, startups de IA e machine learning arrecadaram mais de US$ 160 bilhões nos EUA, contra apenas US$ 20 bilhões na Europa, segundo dados da PitchBook. Pior: os próprios investidores americanos já representam mais de 71% do valor investido em startups de IA europeias, uma alta frente aos 57,5% de 2024.
Casos de startups europeias
A dependência externa expõe uma fragilidade estrutural: enquanto a UE quer ser polo global de IA, sua capacidade de financiar inovação está ficando para trás. O caso da Zally, uma startup de cibersegurança com IA, é emblemático: seu fundador afirmou que seria “impossível” levantar capital inicial na Europa para P&D e patentes. Já nos EUA, os investidores “entendem o tamanho do jogo”.
Essa busca por financiamento em mercados mais maduros levanta um dilema para a União Europeia: como manter as startups locais competitivas sem infraestrutura robusta, capital de risco agressivo e políticas mais claras?
Enquanto o Citi projeta que o gasto com infraestrutura de IA ultrapassará US$ 2,8 trilhões até 2029, cresce a divisão entre quem vê retorno e quem ainda está no vermelho. Apenas 26,7% dos CFOs pretendem aumentar investimentos em IA generativa em 2026 — queda brusca frente aos 53,3% do ano anterior.
É o “paradoxo do ROI”: todo mundo quer entrar no jogo da IA, mas poucos conseguem transformar tecnologia em resultado financeiro sustentável.