Foto: Abner Garcia / Let's Money
Foto: Abner Garcia / Let's Money

No AWS for Financial Services Symposium Brasil, a Aarin, empresa do Grupo Bradesco, apresentou sua visão sobre o futuro do Embedded Finance e o papel da inteligência artificial na próxima geração de integrações financeiras. A CEO Ticiana Amorim defendeu que a IA conversacional marca o início de uma nova era em que a conexão entre sistemas deixa de depender exclusivamente de código e passa a ser guiada por linguagem natural.

“A IA não é apenas sobre automação. É sobre criar interações mais humanas e acessíveis, e permitir que qualquer empresa, independentemente do tamanho ou da estrutura técnica, consiga se integrar ao sistema financeiro de forma simples e segura”, afirmou.

Aarin lidera nova fase do Embedded Finance

Ticiana explicou que o setor financeiro vive a transição da API Economy para o Embedded Finance inteligente, em que as APIs deixam de ser apenas ferramentas de integração e se tornam ativos estratégicos de negócio. “As APIs deixaram de ser custo de infraestrutura. Elas são hoje um ativo econômico: geram parcerias, aceleram negócios e ampliam margens de lucro quando bem implementadas”, destacou.

Ela apontou, no entanto, o desafio do developer gap, a escassez global de desenvolvedores capacitados para lidar com integrações complexas. “Toda vez que precisamos fazer um sistema conversar com outro, dependemos de desenvolvedores. Mas com a inteligência artificial, isso começa a mudar”, disse.

Segundo projeções citadas pela CEO, o déficit mundial pode chegar a 85 milhões de vagas até 2030, o que torna urgente a criação de soluções sem código. “Integrar APIs demanda tempo e priorização e muitas empresas simplesmente não conseguem priorizar isso. O futuro da integração é conversacional.”

IA como tradutor entre sistemas financeiros

Ao relacionar o tema ao conceito de agentic AI, Ticiana defendeu que a próxima evolução tecnológica será guiada por sistemas que se comunicam por meio de IA, não apenas por endpoints de código. “O futuro da integração é conversacional. Não se trata mais de chatbots, mas de fazer com que sistemas conversem entre si, de forma acessível e escalável”, afirmou.

Ela explicou que esse modelo substitui a integração manual tradicional por uma comunicação baseada em intenção em que o agente de IA interpreta o comando e executa a ação correta. “Não estou falando de prompt engineering, mas de como sistemas inteiros podem se entender. A IA será a ponte que elimina as barreiras de integração.”

Aarin apresenta protocolo de integração via linguagem natural

A CEO destacou o avanço da Aarin ao adotar o Model Contact Protocol (MCP), um padrão aberto criado pela Anthropic que permite conexões entre LLMs, agentes e APIs por meio de linguagem natural. “A dor da integração é tão real que foi necessário criar um protocolo que padronizasse esse diálogo, algo semelhante ao que o REST fez para as APIs”, explicou.

Com o MCP, uma empresa pode simplesmente escrever “fazer um Pix para minha mãe” e o sistema entende a intenção, identifica o endpoint correto e executa a operação automaticamente. “Essa é a verdadeira democratização da integração, um modelo que reduz a dependência de desenvolvedores e aproxima as empresas da inovação”, completou.

Visão de futuro

Ticiana apresentou também a nova visão estratégica da Aarin, que passa a se posicionar como “o motor global de Embedded Finance impulsionado por inteligência artificial”. “Antes, nossa visão era ser o motor de Embedded Finance com um clique.

Agora, com a IA, esse clique se transforma em uma conversa. A partir de hoje, nossos clientes podem integrar e chamar todas as APIs do nosso core bancário por linguagem natural”, revelou.

Encerrando sua fala, Ticiana reforçou o compromisso da Aarin com a inclusão tecnológica e a inovação aberta. “O Brasil tem muitos ‘Brasis’. Uma empresa do interior do Piauí deve ter acesso às mesmas soluções que uma da Faria Lima. Orquestrar confiança é o verdadeiro ato de inovação no mercado financeiro”, concluiu.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.