No palco do Financial Services Symposium Brasil, Júlio Morais, Head de Large FSI Clients na AWS Brasil, conversou com exclusividade com a “Let’s Money” e trouxe uma retrospectiva da jornada do setor financeiro nos últimos quatro anos. “Falávamos de migração massiva de workloads para a nuvem. Depois vieram FinOps, IA generativa e, nesta edição, o foco total é em agentes”, afirmou. O executivo destaca que agora clientes não apenas experimentam, mas colocam em produção os sistemas de IA criados em anos anteriores, “produtizando” o que antes era apenas teoria.
Para Morais, esse movimento marca uma guinada no mercado. Ele ressalta que os agentes generativos já não vivem apenas nos bastidores: novas arquiteturas estão sendo criadas não só para back office, mas para interagir com clientes, entregando ofertas personalizadas conforme perfil e ciclo de vida de cada usuário. Em uma ação inédita, a AWS levou os agentes para o evento que ocorreu na última terça-feira (14), no Hotel Rosewood, em São Paulo.
“Decidimos inovar: construímos uma plataforma 100% agêntica que interagiu em tempo real com o público. Fomos liberando releases ao longo do dia e premiamos usuários com melhores rentabilidades”, explicou. O propósito foi claro: mostrar, ao vivo, como a tecnologia funciona com personalização.
Cases práticos e o caminho da adoção inteligente
Ana Cláudia Safar, Head de Vendas Enterprise da AWS, reforçou que, nos últimos três anos, muitos projetos começaram no back office justamente por menor risco regulatório. “Agora vemos casos que conversam diretamente com o cliente, no WhatsApp, em PIX ou assessoria de investimento, com IA acelerando processos já bem governados por trás.” Ela citou o caso do PagBank: reduziu custos e aumentou em 232% a conversão com interface 100% agêntica.
Para Safar, o avanço não pode ser descolado de regulação. Ela chama atenção para a urgência de uma pauta estruturada de governança e inteligência artificial. “Não adianta postergar. Precisamos organizar essa discussão no setor para que a IA não vire hipótese, e sim prática segura.”
Visão global e o diferencial latino‑americano
Cleber Morais, Country Director da AWS, celebrou um evento com mais de 300 clientes e reafirmou o papel do Brasil como polo de inovação financeira. Ele lembrou que o Pix virou case mundial de infraestrutura local e aposta que a nova onda será o protagonismo em agentes inteligentes.
“Mais uma vez o setor financeiro brasileiro lidera uma nova virada tecnológica. A chegada dos agentes mostra que estamos prontos para transformar, inovar e mostrar ao mundo do que o Brasil é capaz”, aponta Morais.
Por sua vez, Charith Mendis, líder global de bancário da AWS, destacou que o Brasil e a América Latina vêm adotando canais como o WhatsApp como interfaces centrais de atendimento, uma estratégia rara em outras regiões. Ele disse que o mercado está migrando do foco em chatbots para automação de “especialização”: contratos sindicais, atendimento a PMEs, verticalizações industriais, casos que exigem mais do que respostas genéricas.
“A América Latina está na vanguarda. Bancos aqui usam tecnologia para reduzir fricções, melhorar a experiência do cliente e fazer inclusão financeira real, algo que ainda não vemos com tanta força em outros mercados”, destaca Mendis.
Construção junto ao cliente e o “FOMO” sob controle
Clara Bidorini, FSI Account Manager da AWS, falou sobre a abordagem colaborativa da AWS: “Construir com o cliente, de trás para frente, entender o problema antes de lançar ferramentas. Evitamos o FOMO.” Ela também alertou sobre o potencial de democratização: IA pode trazer soluções de alto valor às PMEs brasileiras, um segmento frequentemente deixado para trás.
Juntas, essas visões formam um panorama claro: a era do hype ficou para trás, e o setor financeiro está olhando para IA como motor de escala, personalização e eficiência dentro dos limites da regulação e com adoção consciente.