Foto: Gabriel Pereira / Let's Money
Foto: Gabriel Pereira / Let's Money

O AWS for Financial Services Symposium Brasil contou nesta terça-feira (14) com o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, para uma análise sobre o cenário macroeconômico global e as perspectivas para 2025 e 2026. Em sua fala, ele destacou que o mundo vive “um dos períodos mais incertos das últimas décadas”, mas com a tecnologia emergindo como força de sustentação da economia.

“É uma honra participar deste evento. Acho que não é exagero dizer que a Amazon está no coração das transformações tecnológicas do planeta”, afirmou Honorato, agradecendo o convite da AWS e destacando o papel da empresa na transformação digital do setor financeiro.

Com quase 30 anos de experiência no mercado, o economista apresentou um panorama que combina incertezas políticas, endividamento elevado e transição tecnológica acelerada, um cenário que, segundo ele, exige adaptação e inteligência na gestão de riscos e investimentos.

Bradesco destaca dólar enfraquecido e força da IA

Honorato observou que medidas econômicas recentes dos Estados Unidos, como o aumento das tarifas de importação, estão gerando instabilidade global. “Essas políticas representam uma transferência massiva de recursos do setor privado para o governo americano, com impactos diretos sobre a produtividade e as cadeias de produção”, explicou.

O economista apontou que o dólar vem perdendo força frente ao euro, ao iene e ao franco suíço, refletindo um novo equilíbrio entre moedas e ativos. “Há duas grandes fontes de incerteza: a política econômica dos EUA e o endividamento elevado das nações desenvolvidas. Esse cenário pressiona os preços dos ativos e enfraquece as moedas”, destacou.

Apesar da desaceleração global, Honorato disse que a política monetária mais branda tem ajudado a sustentar os mercados. Ele lembrou que o valor das empresas listadas no S&P 500 já ultrapassa US$ 60 trilhões, o dobro do PIB americano. “As famílias adicionaram US$ 5 trilhões aos seus portfólios no último trimestre, isso mantém o consumo e mostra a resiliência do sistema”, completou.

Honorato também ressaltou que a tecnologia e a inteligência artificial seguem impulsionando a valorização dos ativos. “Enquanto empresas da economia tradicional recuam cerca de 15%, as de tecnologia sobem 35% neste ano”, observou.

Encerrando, o economista comentou sobre a busca por ativos de proteção. “Sou cético quanto ao valor de longo prazo do Bitcoin, mas reconheço que, neste momento de incerteza, ele se tornou um ativo de referência, tanto como proteção contra o sistema fiduciário quanto como símbolo dessa nova era tecnológica”, concluiu.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.