Foto: Reprodução
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (25) que o Brasil enfrenta uma demanda internacional crescente por sua expertise em inovação financeira, especialmente por causa do Pix. Segundo ele, há uma fila de bancos centrais ao redor do mundo interessados em firmar convênios com o BC para entender e, possivelmente, replicar o sistema brasileiro. O problema: falta estrutura e orçamento para atender a todos.

Durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Galípolo voltou a defender a aprovação da PEC 65, que garante autonomia financeira ao BC. “Temos reconhecimento global, mas não damos conta da demanda”, disse. “Outros reguladores ficam surpresos ao saber que não temos orçamento próprio”, afirmou o presidente em entrevista que contou com transmissão da “TV Senado”.

Limitações do BC

A fala do presidente da autoridade monetária chamou atenção para o descompasso entre a visibilidade internacional do BC e suas limitações internas. Segundo ele, a equipe de fiscalização tem hoje menos da metade do efetivo de dez anos atrás – enquanto o número de instituições sob supervisão triplicou.

“Fizemos o Pix operando 24 horas por dia, sete dias por semana, sem adicional noturno”, comentou.

Para Galípolo, o atual arcabouço legal está defasado frente à transformação digital do sistema financeiro e à ascensão de fintechs. Ele destacou que há um debate global sobre o nível de regulação a ser adotado para os novos players e defendeu que o Brasil precisa ter condições legais e operacionais para participar desse diálogo com protagonismo.

O uso de inteligência artificial é visto como um caminho promissor para ampliar a capacidade de supervisão do BC. No entanto, o presidente afirmou que a adoção de IA exige investimentos robustos, que hoje não estão disponíveis.

“Não dá para conectar o sistema a uma IA genérica e deixar que uma empresa externa tenha acesso aos dados”, alertou.

Campos Neto e as “confusões” da vez

Galípolo também comentou o termo de compromisso firmado pelo ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, relacionado a supostas irregularidades em operações de câmbio no período em que atuava no Santander. Ele reforçou que a autarquia não firma acordos de leniência e que o processo não interfere em investigações criminais.

“Trata-se de uma questão de preenchimento de dados. O BC entendeu que não se configurou falta grave”, afirmou Ailton de Aquino Santos, diretor de Fiscalização da instituição, também presente na audiência.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.