
A prisão de um policial civil que também é dono de fintech reacende o debate sobre governança e riscos no setor financeiro digital. Cyllas Elia Júnior, fundador da fintech 2Go Bank, foi detido em São Paulo sob suspeita de comandar golpes contra moradores do Jardim Pantanal, na zona leste da capital.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o esquema se aproveitava da vulnerabilidade das vítimas: em troca de cestas básicas, eram recolhidos documentos pessoais usados para abrir milhares de contas bancárias em seus nomes. Essas contas, segundo a investigação, serviam para movimentar recursos ilícitos em esquemas de lavagem de dinheiro.
Cyllas já havia sido preso em fevereiro, quando operações policiais apontaram movimentações milionárias da fintech relacionadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e até a organizações terroristas internacionais. Apesar disso, o policial foi solto e retornou à corporação, segundo o “UOL”.
Fintech e fundador foram delatados
A fintech e seu fundador foram delatados ao Ministério Público por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos em novembro de 2024. Em seu depoimento, ele afirmou que a 2Go Bank teria sido estruturada por líderes do PCC, incluindo Rafael Maeda Pires, o Japa, encontrado morto em 2023.
Além da prisão, mandados de busca foram cumpridos em cinco endereços ligados ao policial. O caso agora corre em paralelo às investigações recentes da Polícia Federal e do Ministério Público, que vêm ampliando o cerco contra esquemas de fraude e lavagem no sistema financeiro.
A trajetória da 2Go Bank expõe como a sofisticação tecnológica das fintechs pode ser usada para mascarar operações ilícitas e reforça o alerta sobre a necessidade de mecanismos mais robustos de supervisão e compliance no setor.