Otimização

Agentic AI pode transformar depósitos e cartões em tempo real

Relatório da McKinsey aponta que tecnologia ameaça bilhões em receitas e desafia modelo de negócios dos bancos

Foto: Reprodução / LinkedIn
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A chamada Agentic AI, sistemas de inteligência artificial capazes de tomar decisões com mínima intervenção humana, está prestes a mexer nas bases de receita do setor bancário. De acordo com relatório da McKinsey, depósitos e cartões de crédito — duas das principais fontes de lucro das instituições financeiras — estão entre as áreas mais vulneráveis a essa disrupção.

O estudo estima que bilhões em receitas podem ser impactados à medida que atividades tradicionalmente passivas, como a gestão de depósitos e programas de fidelidade, tornam-se programáveis e dinâmicas. Para os bancos, isso representa não apenas perda de margens, mas também a necessidade de repensar seu modelo de negócios diante da autonomia crescente dos clientes apoiados por IA.

Depósitos fluidos com inteligência artificial

Atualmente, depósitos, incluindo contas correntes de pessoas físicas e contas operacionais de PMEs, respondem por cerca de 30% da lucratividade do varejo bancário global. Boa parte desse resultado depende da inércia do cliente, que prioriza conveniência em vez de maximizar rendimentos.

Com a Agentic AI, esse equilíbrio pode mudar. Sistemas autônomos seriam capazes de monitorar saldos em tempo real, identificar melhores taxas e transferir recursos automaticamente entre instituições para garantir o maior retorno possível, redirecionando parte do spread dos bancos de volta para os correntistas.

A McKinsey projeta que, se apenas 10% a 20% dos clientes adotarem agentes de IA, os lucros bancários com depósitos podem cair até 0,5% ao ano.

Cartões de crédito sob pressão da automação

Outro alvo são os cartões de crédito, que em 2024 geraram US$ 234 bilhões em receitas. Hoje, parte significativa dos ganhos dos bancos vem de juros, taxas e pontos de recompensa não utilizados. Segundo pesquisa do Bankrate, 23% dos clientes não resgataram nenhuma recompensa no último ano, e de 3% a 5% dos pontos expiram anualmente.

Agentes de IA poderiam automatizar o uso desses benefícios, redirecionando compras para o cartão mais vantajoso em tempo real, transferindo saldos antes do fim de promoções e até solicitando novos cartões com melhores condições.

Adoção em estágio inicial, mas acelerando

Estudos recentes da IDC indicam que 78% dos bancos já exploram a Agentic AI, sendo que 38% têm planos de investimento definidos. Instituições como BNY Mellon, Mastercard, Visa e PayPal já testam aplicações em áreas como validação de pagamentos e “comércio agêntico”, no qual agentes executam transações em nome dos consumidores.

A consultoria Gartner prevê que até 2028 15% das decisões cotidianas no ambiente de trabalho serão tomadas de forma autônoma por sistemas de IA, contra praticamente zero em 2024.

Com o avanço da tecnologia, depósitos e cartões podem deixar de depender da inércia dos clientes e entrar em uma era de otimização em tempo real, em que cada decisão financeira é tomada por algoritmos autônomos.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.