Foto: Reprodução / LinkedIn
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A Colômbia lançou seu sistema de pagamentos instantâneos, o Bre-B, com ambição: repetir o sucesso do Pix e reduzir a dependência de dinheiro em espécie. Mas, poucas semanas após o lançamento oficial, o sistema já enfrenta uma ameaça real, uma proposta de taxação sobre pagamentos digitais que pode desacelerar sua adoção.

O Ministério das Finanças apresentou um decreto preliminar que prevê imposto retido na fonte de 1,5% sobre transações feitas via Bre-B, incluindo transferências, pagamentos por QR Code e compras digitais em geral. Embora o argumento do governo seja o de equiparar a cobrança à já existente sobre cartões, especialistas apontam o risco de um retrocesso.

Bre-B é ameaçado logo na largada

Com mais de 33 milhões de usuários e 91 milhões de chaves registradas, o Bre-B vinha ganhando tração e otimismo entre autoridades e instituições financeiras. O objetivo era claro: atrair a população informal e ampliar o acesso bancário. No entanto, ao tributar a base da operação — o uso cotidiano — o governo pode comprometer justamente a confiança no sistema.

“O sistema pode sofrer um choque de credibilidade”, alertou José Ignacio López, diretor da ANIF. Para ele, a consequência imediata seria uma desaceleração na adesão e um retorno ao uso de cédulas, de acordo com informações do “Valor Econômico”.

A Colombia Fintech, principal associação do setor, foi direta: “Tributar pagamentos digitais é uma política ultrapassada e ineficaz. Isso faz com que as pessoas voltem à informalidade”. A avaliação é respaldada por dados: embora 68% das transações financeiras na Colômbia já sejam digitais, o dinheiro ainda domina entre pequenos negócios e famílias de baixa renda.

Um imposto que pode virar IVA disfarçado

Economistas também alertam que, mesmo sendo uma cobrança feita sobre empresas, o custo pode acabar sendo repassado aos consumidores, como um “IVA disfarçado”, nas palavras de Munir Jalil, do BTG Pactual.

A proposta ainda está em consulta pública, e o decreto precisa ser assinado pelo ministro Germán Ávila. Mas o impacto do debate já é visível: o sistema, que nascia como símbolo de inovação e inclusão, corre o risco de ser freado antes de se consolidar.

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.