
A Klarna cravou um marco nos Estados Unidos: o Klarna Card superou 1 milhão de usuários em apenas 11 semanas desde o lançamento em 4 de julho. A proposta combina a simplicidade do débito com a flexibilidade do “pague depois”, levando o modelo de BNPL da experiência online para qualquer estabelecimento que aceite Visa. No pano de fundo, a companhia reportou aceleração de receita anual de 20% no 2º trimestre, com alta de 38% nos EUA, sinal de que o país se tornou o motor da estratégia.
O Klarna Card se apoia na credencial flexível da Visa e é emitido pelo WebBank. Na prática, um único plástico acessa múltiplas fontes de funding: o cliente pode pagar à vista (modo débito) ou acionar planos “Pague em 4 e depois” em tempo real. A lógica funciona “por baixo do capô”, sem fricção adicional no checkout. A empresa descreve o produto como a transposição do BNPL para o mundo físico, apoiada em integrações com PSPs e parcerias com grandes varejistas, segundo o “PYMNTS”.
Klarna pressiona frentes
Se a adoção continuar, o Klarna Card pressiona três frentes. Primeiro, emissores de crédito tradicionais, que veem o parcelado sem juros “by design” disputar share do rotativo. Segundo, redes e adquirentes, que ganham volume mas precisam acomodar regras de risco e disputas em jornadas híbridas (débito/BNPL). Terceiro, varejistas, que capturam conversão superior, porém com novas dinâmicas de custo e reconciliação, especialmente quando a “fonte de pagamento” muda após a autorização.
A expansão do BNPL embutido em cartão recoloca temas de substituição de crédito, transparência de taxas e reporte a bureaus, pontos sensíveis para reguladores e defensores do consumidor. No front operacional, o desafio é orquestrar limites dinâmicos, prevenção a fraude e experiência consistente entre canais. Para a própria Klarna, a prova de fogo está em manter NPS alto, inadimplência controlada e unit economics saudáveis enquanto escala distribuição via parceiros.
Se entregar conveniência sem surpresa no custo total e disciplina de risco, o Klarna Card tende a consolidar um novo padrão: um único cartão que se comporta como débito quando convém e como crédito sem juros quando precisa, no app e na loja física.