Bom dia!

O Nu fechou o 2º tri com números vistosos — +42% de lucro, +40% de receita —, mas o que importa é a engenharia por trás deles. O banco montou um tabuleiro onde cada produto aciona o próximo: cartão → conta → depósitos → crédito → investimentos → cripto → PJ. Menos “feature”, mais sequência orquestrada. A pergunta agora é: até onde essa cadeia de peças pode ir sem perder ritmo (e disciplina de risco)?

Na Let’s Money de hoje:

  • Efeito dominó do Nu: como o roxo transformou produtos em sequência de receita.

  • O professor particular: a Lina Open leva pro LIFT Lab um tutor que usa seus dados (com consentimento) para ensinar finanças.

  • Encanadores do Pix: o Iniciador levanta R$ 32 mi para turbinar a infraestrutura do Pix e manter os “canos” do sistema sem vazamentos.

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PAYMENTS

Nubank e o seu efeito dominó.

No mundo real, um dominó derruba o outro e a sequência termina no chão. No Nubank, cada peça “derrubada” não só fica de pé, como cria outra do lado — e todas continuam gerando receita. É o jogo invertido: em vez de consumir energia, ele a multiplica.

O resultado do 2º trimestre de 2025 não é só sobre números (42% mais lucro, 40% mais receita, 123 milhões de clientes). É sobre como a empresa construiu um tabuleiro onde cada produto aciona o próximo e mantém todos em movimento.

David Vélez gosta de dizer que o Nu “escala com eficiência”. Mas a verdade é que o banco digital não escala produtos; ele escala relacionamentos. O cartão abre a porta, a conta retém, o empréstimo fideliza, o investimento prolonga a relação e o cripto dá um tempero de novidade. No fim, o cliente não está em um produto, mas sim em uma narrativa, e cada capítulo leva ao próximo.

O tabuleiro roxo

O relatório do 2T25 mostra que a força do Nu vem de um ciclo que se retroalimenta:

  • Cartão de crédito → 55 milhões de clientes ativos, puxando o uso da conta e elevando ARPAC;

  • Conta e depósitos → US$ 36,6 bilhões captados, garantindo funding barato para emprestar;

  • Empréstimos sem garantia → 13,6 milhões de clientes (+56% YoY), rentabilizando o público massificado;

  • Empréstimos garantidos → +158% YoY, reduzindo risco e ampliando margem;

  • Investimentos → 36,2 milhões de clientes (+70% YoY), ampliando permanência e ticket médio;

  • Cripto → 6,6 milhões de clientes (+41% YoY), ativando recorrência e apelo para novos públicos;

  • PJ → 5,2 milhões de clientes, testando um mercado que ainda tem muito espaço para escalar.

Cada número aqui não é isolado. Ele existe porque o anterior funcionou, e prepara o próximo. O cartão de crédito empurra a conta, que empurra o depósito, que alimenta o empréstimo, que cria margem para o investimento… e assim por diante.

O que ninguém está falando

O mercado celebrou o lucro recorde e o custo de US$ 0,80 para atender cada cliente. Mas o dado mais relevante é que o Nu já converteu 60% da população adulta brasileira e começa a replicar a fórmula no México (12 milhões de clientes) e Colômbia (3,4 milhões).

Isso significa duas coisas:

  1. O Brasil já está perto do limite de penetração;

  2. O crescimento futuro depende cada vez mais de multiplicar receita por cliente e criar novos “dominós” de produto.

Não à toa, a receita média por cliente ativo subiu 18% YoY — uma prova de que o tabuleiro está funcionando. E, diferentemente de muitos concorrentes, esse crescimento vem sem “empurrar” produtos que o cliente não quer. O Nu constrói desejo antes de monetizar.

Até onde vai o efeito?

O desafio é que todo efeito dominó tem um ponto em que a energia se dissipa. No caso do Nu, manter a sequência exige inovação constante e disciplina de risco. O portfólio de crédito cresce rápido, mas a inadimplência de longo prazo já começa a dar sinais de pressão (NPL 90+ em 6,6%).

O recado do trimestre é claro: enquanto outros bancos ainda tentam montar sua primeira fileira de peças, o Nu já joga em três tabuleiros ao mesmo tempo e, por enquanto, sem deixar cair. O problema é que, quando a mesa é global, a física muda: novos mercados, novas regras, novas resistências.

Se o dominó roxo continuar seguindo essa lógica, o futuro do banco não será medido apenas por quantos clientes tem, mas por quantos produtos consegue manter em movimento ao mesmo tempo e, mais importante, por quanto tempo a sequência pode durar.

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O professor particular do Open Finance

Foto: Divulgação / Lina OpenX

O Open Finance é, hoje, uma infraestrutura robusta, com milhões de autorizações e integração em produtos que já movimentam o sistema financeiro brasileiro. Mas, para o usuário comum, ele ainda é um palco distante, onde a peça acontece sem que ele perceba estar na plateia.

O OpenData Tutor, projeto da Lina OpenX aprovado para a edição 2025 do LIFT Lab — laboratório de inovação do Banco Central e da Fenasbac — quer encurtar essa distância. A proposta é simples no conceito, mas ambiciosa na execução: usar dados do Open Finance e dados públicos para criar uma interface conversacional que ensine educação financeira com base na vida real de cada usuário.

Mais do que dizer “faça isso ou aquilo”, a aplicação vai explicar por que essa decisão faz sentido. O objetivo é que, no caminho entre a dúvida e a resposta, o usuário aprenda conceitos que normalmente ficariam escondidos no jargão técnico dos bancos.

“Convergir o Open Finance com uma agenda de inclusão e educação financeira é mostrar como essa tecnologia abstrata pode estar no dia a dia das pessoas e gerar impacto real”, afirma Ana Carolina Silva, da Lina Open.

Na prática, isso significa que o OpenData Tutor pode se tornar o tradutor simultâneo de um sistema financeiro cada vez mais digital, ajudando pessoas a entender e confiar nas ferramentas que usam — ou deveriam usar.

O desafio, segundo Murilo Rabusky, também do time da Lina OpenX, é claro: “O público em geral ainda não sente o impacto do Open Finance. A ideia do nosso projeto é dar um gostinho disso, tornando o conceito mais palpável para pessoas comuns.

E, como todo bom facilitador, o projeto sabe que precisa de uma ponte. Nesse caso, o Pix pode ser essa travessia. Pagamentos instantâneos — e agora parcelados — já operam sobre a infraestrutura do Open Finance, muitas vezes sem que o usuário perceba. É a prova de que a tecnologia pode se infiltrar no dia a dia de forma natural, até desaparecer como conceito e deixar apenas o benefício.

O LIFT Lab vai acompanhar o desenvolvimento ao longo de três meses, com entregas em setembro, outubro e novembro, culminando no Lift Day, em abril de 2026. Até lá, o OpenData Tutor quer provar que a educação financeira não precisa ser uma aula chata — pode ser uma conversa direta, contextualizada e, pela primeira vez, personalizada com base na realidade de cada pessoa.

NÚMERO

Os 10 principais adquirentes comerciais nos EUA em 2024

Foto: Reprodução / Relatório do Diretório de Adquirentes dos EUA

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Os encanadores do Pix

Quando o Pix virou onipresente no Brasil, parecia que o trabalho estava feito. Mas, na prática, o que está acontecendo é uma corrida subterrânea: cada nova funcionalidade lançada pelo Banco Central abre um espaço para quem consegue fazer o sistema funcionar nos bastidores. E é aí que entram empresas como o Iniciador, que acaba de levantar R$ 32 milhões em rodada liderada pela Valor Capital.

Foto: Reprodução / Brazil Journal

Se o Pix é a torneira por onde todo mundo bebe, o Iniciador é o encanamento que garante pressão, velocidade e segurança no fluxo da água. Hoje, a startup afirma ter 60% de participação no Pix automático e 50% no Pix por biometria — atendendo clientes como iFood, Stone e Nomad. A rodada não é só capital: é munição para acelerar o lançamento de novos produtos e consolidar posição num jogo em que eficiência de API vale milhões.

Infra invisível, impacto real

O movimento mostra que o Open Finance à brasileira não depende apenas de regulação, mas de quem traduz norma em produto de massa. A figura da ITP ainda é nova, mas já mostra que bancos e fintechs vão precisar de intermediários para conectar suas soluções. Como explicou o fundador, Marcelo Martins ao Brazil Journal: Essa figura da ITP é algo muito novo no mercado. Muitas instituições ainda não entraram nessa modalidade, mas vão precisar de parceiros de infraestrutura.”

E não é pouca coisa: o Brasil já soma mais de 4 bilhões de chamadas semanais no Open Finance, contra 15 bilhões anuais no Reino Unido. Esse salto é muito apoiado pelo Pix, que deixou de ser só pagamento instantâneo para virar infraestrutura de consumo, assinaturas, autenticação e, em breve, crédito.

A corrida contra o tempo

O ponto é que cada onda de lançamentos do BC — Pix inteligente (2024), biometria (2025), automático (2025) e, em breve, o Pix parcelado — abre uma janela curta de oportunidade. Quem chega primeiro, leva. Como resumiu Gustavo Bresler, COO do Iniciador: “Nesse momento de início do mercado e de forte competição, ser rápido para lançar produtos é fundamental. E com a gente eles conseguem isso.”

No fim das contas, a rodada do Iniciador deixa claro: o espetáculo do Pix pode até estar no palco, mas o verdadeiro jogo acontece debaixo da superfície — onde os encanadores decidem quem terá água corrente e quem ficará no racionamento digital.

Entrevista

AFONSO BELICE DA ETHEREUM BRASIL E VEGA CRYPTO - LET’S MONEY #004

Nos vemos na próxima edição!

Agora todas às terças.

Abraços,

Equipe Let’s Money

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