Arte: Abílio Sousa | Dir Arte Let’s Media
Arte: Abílio Sousa | Dir Arte Let’s Media

Bom dia!

A FCA, reguladora financeira do Reino Unido, acaba de lançar um programa para acelerar a adoção de finanças abertas — inspirado, ironicamente, no modelo brasileiro. Com 100 milhões de consentimentos ativos e bilhões de chamadas de API por semana, o Brasil ultrapassou o berço do Open Banking e hoje dita o ritmo global da inovação.

Agora, o Reino Unido tenta recuperar o terreno perdido com uma sandbox de dados inteligentes, parceria com a Raidiam (a mesma do Banco Central) e dois sprints focados em PMEs e crédito. A disputa deixou de ser sobre quem começou antes e passou a ser sobre quem executa melhor.

Na Let’s Money de hoje:

  • O jogo virou no Open Finance — O Reino Unido lança aceleradora para recuperar o tempo perdido, e o Brasil assume de vez o papel de referência global em finanças abertas.
  • ⚙️ Quick Suite e a corrida da IA agêntica — A AWS lança sua IA corporativa de US$ 20/mês e desafia Microsoft e Google com promessa de segurança total e automação inteligente.
  • 💠 Coinbase + Samsung: cripto no bolso — A maior exchange dos EUA entra nos celulares Galaxy e leva cripto para o dia a dia de milhões de usuários, trocando ideologia por utilidade.

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O país que criou o Open Banking agora corre atrás do Brasil no Open Finance

A FCA, autoridade reguladora do Reino Unido, anunciou uma nova aceleradora para impulsionar o Open Finance britânico. O projeto, batizado de Smart Data Accelerator, vai permitir que fintechs e bancos testem produtos reais de compartilhamento de dados e pagamentos automatizados, algo que o Banco Central do Brasil já opera em larga escala há meses.

E há um detalhe simbólico nessa história: a FCA firmou parceria justamente com a Raidiam, a mesma empresa que ajudou o BC a erguer a infraestrutura de Open Finance brasileira. Ou seja, o modelo que nasceu como referência britânica agora retorna aprimorado, com DNA brasileiro.

Do “case britânico” ao manual brasileiro

Durante anos, o Reino Unido foi o oráculo do Open Banking. Mas, enquanto Londres discutia a expansão regulatória, o Brasil construiu um ecossistema vivo — 100 milhões de consentimentos ativos, 70 milhões de contas conectadas e cerca de 4 bilhões de chamadas de API por semana.

Na prática, o país tropical virou o benchmark global. O que começou como um projeto de interoperabilidade bancária se transformou em uma plataforma de dados e pagamentos integrada, com potencial para absorver crédito, investimentos e seguros.

O relatório da KPMG e da Europe Economics, encomendado pela FCA, reconhece isso: o Reino Unido precisa encontrar o “ponto de equilíbrio” entre inovação e segurança, algo que o Brasil já equacionou com seu modelo de governança e adesão voluntária das instituições.

Quando o pioneiro vira aprendiz

O movimento britânico é um sinal claro de maturidade, mas também de inversão de papéis. O Open Finance brasileiro deixou de ser um experimento regulatório para se tornar política de Estado, com impacto real em crédito, tarifas e competição.

A FCA, agora, corre para modernizar sua própria sandbox e definir padrões unificados até 2026. Enquanto isso, o Banco Central avança rumo à fase de Open Data, onde a IA generativa e o compartilhamento inteligente de informações financeiras devem criar o que Galípolo chamou de “finanças centradas no cidadão”.

A ironia é evidente: o país que deu origem ao Open Banking estuda, neste momento, a infraestrutura criada por quem, há poucos anos, o observava de longe.

A lição para o mercado

O recado vai além da disputa por protagonismo: o poder de definir o futuro das finanças abertas está migrando para onde há escala, dados e tecnologia em produção, não apenas em discussão.

O Brasil virou o case que os outros países analisam em conferências, papers e sprints regulatórios.
E o Reino Unido, que já foi o espelho, agora passa a olhar para o retrovisor.

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Quick Suite e a corrida da IA agêntica

A Amazon entrou oficialmente no jogo da IA corporativa de baixo custo. Com o Quick Suite, a AWS quer redefinir o papel dos assistentes de trabalho, de ferramentas passivas para colegas autônomos capazes de agir, aprender e executar rotinas inteiras dentro das empresas.

Foto: Divulgação

A promessa é simples: fazer o que o Copilot (Microsoft) e o Gemini (Google) fazem, mas por um terço a menos do preço e com o carimbo de segurança da AWS. A plataforma custa US$ 20 por usuário/mês, roda em ambiente fechado e se integra a mais de mil aplicativos via Model Context Protocol (MCP), o mesmo padrão que começa a se firmar como linguagem universal entre agentes de IA.

A virada da Amazon

O Quick Suite é mais do que uma resposta aos rivais é um reposicionamento estratégico da Amazon na disputa pela “Economia Rápida”. Em vez de competir só por nuvem, a AWS agora disputa o centro da produtividade: quem controla o agente que trabalha por você, controla o fluxo de informação, os dados e o tempo de execução.

Com módulos dedicados a pesquisa, automação e fluxos de trabalho (Quick Research, Quick Automate, Quick Flows), o sistema promete eliminar tarefas repetitivas e devolver “horas humanas” ao que realmente importa.
Mas o discurso de eficiência vem acompanhado de uma ambição maior: transformar o trabalho digital em infraestrutura invisível, algo que acontece em segundo plano, sem comandos, sem prompts, sem humanos na supervisão direta.

Entre o controle e a autonomia

Enquanto a AWS acelera, outras gigantes pisam no freio. A Nvidia alertou que os mesmos mecanismos que tornam os agentes autônomos poderosos também os tornam vulneráveis. O risco? Um agente corporativo que, em nome da eficiência, cruze a fronteira do controle.

Foto: Divulgação

A AWS aposta que governança e auditoria embutidas serão suficientes para convencer as empresas e que o preço menor será o catalisador da adesão em massa. A questão é se, nessa corrida para automatizar tudo, as companhias estão prontas para responder pela autonomia que pediram.

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Coinbase e Samsung: cripto no bolso

A Coinbase anunciou uma parceria com a Samsung para integrar o Coinbase One diretamente à Samsung Wallet, permitindo que usuários dos EUA comprem, vendam e usem ativos digitais dentro da própria carteira digital do celular.

A jogada marca uma mudança de estratégia e talvez de era. Depois de anos tentando construir um ecossistema paralelo ao sistema financeiro, o setor agora faz o caminho inverso: encaixa-se onde o usuário já está.
Como resume Mark Troianovski, diretor de parcerias da Coinbase: “Criptomoeda não é ideologia, é utilidade.”

Da bolha ao cotidiano

A integração transforma o smartphone num hub financeiro híbrido, onde dinheiro tradicional e tokens convivem na mesma interface. Com mais de 75 milhões de dispositivos Galaxy em uso nos EUA, a Samsung oferece o que faltava ao cripto: escala, confiança e conveniência.

A Coinbase, por sua vez, ganha acesso a um público muito além dos traders: usuários comuns que apenas querem pagar, investir ou enviar dinheiro com a mesma naturalidade de um Pix.

O bônus de US$ 25 em USDC e três meses grátis de Coinbase One são o incentivo de curto prazo. O ganho real é estratégico: colocar criptoativos no fluxo financeiro do dia a dia.

Cripto sai da margem

O recado é claro: o futuro das finanças digitais não é um novo sistema, é um sistema expandido, onde blockchain e bancos, exchanges e carteiras, coexistem no mesmo ecossistema.

Ao integrar-se à Samsung, a Coinbase dá um passo que o mercado cripto resistiu por anos: assumir que para virar mainstream é preciso parecer comum.

Entrevista
Nos vemos na próxima edição!

Agora todas às terças.

Abraços,

Equipe Let’s Money

Gabriel Rios

Editor-chefe

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.

Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, também realizou o curso de Jornalismo Econômico do Estadão. Foi editor do BP Money e repórter do Bahia Notícias.