Bom dia!
O Pix Parcelado está prestes a mudar de patamar. O Banco Central encomendou à Estrutura de Governança do Open Finance um projeto que permitirá exibir múltiplas ofertas de parcelamento diretamente na etapa de pagamento, uma vitrine de crédito dinâmica, alimentada por bancos e fintechs em tempo real.
A ideia é simples, mas poderosa: dar ao usuário o poder de comparar taxas, prazos e condições de financiamento via Pix, sem sair do checkout. Quanto mais permissões de dados o cliente conceder pelo Open Finance, mais opções aparecerão. O modelo transforma o Pix Parcelado em um marketplace de crédito instantâneo, e o Open Finance em seu motor invisível.
Na Let’s Money de hoje:
- Pix Parcelado e Open Finance: a nova vitrine do crédito
O BC quer reunir diferentes ofertas de parcelamento em tempo real, permitindo que o usuário compare taxas e prazos direto no checkout. - Quando a nuvem cai: o apagão da AWS expôs a dependência digital global
A falha na AWS derrubou bancos e aplicativos pelo mundo, reacendendo o alerta sobre a concentração da infraestrutura da internet. - A startup de 217 anos: o Banco do Brasil acelera com IA e cultura de dados
Com 30 mil horas de eficiência e IA em todas as superintendências, o BB mostra que tradição e inovação podem caminhar juntas.
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PAYMENTS
Pix Parcelado? Open Finance? O BC quer mudar o jogo do crédito.
Na próxima fase do Pix Parcelado, o consumidor verá, dentro da própria tela de pagamento, uma vitrine com múltiplas ofertas de parcelamento em tempo real. A proposta: transformar o ato de pagar em uma experiência de escolha.
Em vez de aceitar cegamente a taxa do banco emissor, o cliente poderá comparar condições de diferentes instituições, de grandes bancos a fintechs, com base nos dados já compartilhados via Open Finance. Quanto mais conexões o usuário autorizar, mais opções aparecem na vitrine.
É um modelo que combina iniciação de pagamento + crédito competitivo + dados abertos.
Para o Banco Central, o objetivo é simples: romper o monopólio do cartão de crédito e reduzir o custo do parcelamento, oferecendo um ambiente de transparência e disputa justa entre os players.
Um novo tipo de competição financeira
A lógica é parecida com o que o Buscapé fez com preços, mas agora aplicada ao crédito pessoal. O Pix deixa de ser apenas um meio de pagamento para se tornar uma plataforma de comparação de ofertas, com bancos e iniciadores disputando cada centavo da taxa de juros em tempo real.
O desenho agrada especialmente as fintechs, que veem aí uma chance de competir de igual para igual com os grandes bancos. Enquanto as instituições tradicionais tendem a promover apenas seus próprios produtos, os iniciadores de pagamento terão incentivo para mostrar múltiplas ofertas, funcionando como verdadeiros marketplaces de crédito instantâneo.
O cronograma do novo Pix parcelado
O Banco Central deve publicar a regulação do Pix Parcelado ainda em outubro, com a padronização da experiência e das regras de operação. Em dezembro, virá o manual de UX, que definirá como as ofertas devem aparecer ao usuário e o passo a passo das jornadas de parcelamento.
A implementação completa deve ocorrer até 2026, quando o modelo estará totalmente integrado ao ecossistema do Open Finance — o vidro transparente que dá forma à nova vitrine do crédito brasileiro.
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PAYMENTS
O castelo de cartas da nuvem
A falha global da AWS mostrou que o mundo digital é um castelo de cartas hospedado na mesma nuvem. Quando uma cai, todas balançam.
A segunda-feira (20) amanheceu offline. Uma falha na AWS derrubou bancos, fintechs, apps e plataformas em todo o mundo — de Lloyds a Duolingo, de Slack a Prime Video. Em minutos, milhões de usuários perceberam que a internet é muito menos descentralizada do que se imaginava. Três provedores de nuvem — Amazon, Microsoft e Google — sustentam quase toda a infraestrutura digital. Quando um tropeça, o planeta inteiro sente o impacto.
A queda que expôs o topo da pirâmide
O problema começou em um subsistema interno do EC2, o serviço de servidores virtuais da Amazon. Foi o suficiente para interromper o acesso a bancos de dados, logins e pagamentos em massa. A falha durou poucas horas, mas mostrou um sintoma crônico: a concentração extrema de poder computacional em poucos players. Bancos, governos e empresas inteiras dependem das mesmas linhas de código, dos mesmos cabos e das mesmas zonas de disponibilidade. A eficiência virou dependência e a redundância, um luxo caro demais para a pressa da economia digital.
Quando a conveniência vira vulnerabilidade
A promessa da nuvem era estabilidade. Mas o que se vê é o contrário: quanto mais centralizada a operação, mais frágil o sistema. Cada minuto de instabilidade da AWS custa milhões em perdas diretas e reputacionais e o efeito dominó atinge desde uma fintech brasileira até uma universidade americana. O episódio reacende um debate inevitável: o que é mais perigoso, o risco de descentralizar ou o custo de não descentralizar?
No fim, o apagão da AWS foi menos um acidente e mais um espelho. O mundo inteiro está rodando sobre o mesmo servidor, e o futuro da internet talvez dependa de algo simples: lembrar que nuvem nenhuma é indestrutível.
PAYMENTS
A startup de 217 anos
O Banco do Brasil quer provar que tradição e disrupção podem dividir o mesmo CNPJ — e que IA e governança não precisam ser forças opostas.
Ser chamado de “startup de 217 anos” pode soar como ironia, mas é o lema que move o Banco do Brasil. A instituição mais antiga do país decidiu provar que inovação não é exclusividade das fintechs. O uso de inteligência artificial cresceu 130% em três anos e já alcança todas as 44 superintendências. A tecnologia permeia desde a prevenção à lavagem de dinheiro até o crédito agroambiental, com modelos que detectam áreas degradadas e ofertam financiamento para recuperação.
Os ganhos de eficiência são concretos. Processos que antes levavam 40 minutos agora duram menos de 10, e a automação já economizou mais de 30 mil horas de trabalho humano. Casos como o encarteiramento automático de clientes mostram o efeito prático da IA no resultado: rentabilidade quatro vezes maior em alguns perfis com intervenção inteligente.
Mas o salto tecnológico vem acompanhado de uma mudança de mentalidade. Para o banco, não existe IA de qualidade sem dados de qualidade — e sem uma cultura que una equipes antigas e novas em torno do mesmo propósito. “Não basta instalar modelos, é preciso instalar cultura de dados”, resume Pablo Claudino, gerente de IA e Analytics. O jurídico também entrou na transformação: Alexandre Frizoni define o papel da área como “GPS da inovação”, guiando o avanço tecnológico com segurança.
O desafio do BB é conciliar velocidade e prudência, experimentação e regulação. A diferença é que, desta vez, a tradição não é peso: é alavanca. Ser uma “startup de 217 anos” significa provar que inovar, no fundo, é aprender a se reinventar, mesmo quando se tem mais de dois séculos de história.
Entrevista
Nos vemos na próxima edição!
Agora todas às terças.
Abraços,
Equipe Let’s Money